Ela olhava para o espelho embaçado.
Via imagens caricatas.
Ele levantava-se silenciosamente.
Ela apertava os olhos num sono
fingido.
Peito acelerado.
Ouviu o carro se afastando
Correu para a janela encortinada.
Por entre a chuva salgada de suas
lágrimas.
O doce sangue de seu coração...
Via-o partir.
Sozinha por entre dores e mágoas.
Sentia seu mundo ruir.
No estardalhaço do seu silencio.
Nada dissera.
Não contestara o amor roubado.
Não impusera sua presença...
Não mais querida.
Ele se fora por entre risos...
Brincadeiras e cantorias.
Ela ficara por entre desilusões...
Decepções e mal quereres.
Teria momentos “inesquecíveis”.
A página estava sendo virada.
Para uma vida que continuava.
Simples assim.
Os braços que o envolviam, de forma
carinhosa.
Tiravam todo o esplendor daquele que
fora.
E que já não era mais.
Ela deitava-se sobre feridas sangrantes.
Cobria-se com lençóis de seu pranto
cor de escarlate.
De tanto chorar, findara a água de
seus olhos.
De tanto sofrer, seu ser secara no
abandono.
Na calada de suas noites insones,
Ouvia palavras que houveram sido suas.
Sentia carícias que a fizeram
sentir-se rainha.
No amanhecer, tudo se ia como ele a
fizera ir.
Sem se importar de como, onde ou
quando.
Perdida por entre casos e descasos.
Do ponto onde não há retorno.
Ela caminhava cambaleante.
E entre tropeços, se ergueu.
E entre sombras, virou luz.
E entre tristezas, sorriu.
É.. a vida continua...
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