quarta-feira, 21 de maio de 2014

Dois



E aquele sorriso que ela carregava no rosto parecia não ter fim. Ele tinha o dom de fazê-la sorrir e ela sabia disso. Ele sabia disso. Eram tão diferentes ao passo em que se completavam. E naquela tarde cinzenta de maio, ela percebeu aquilo que demorou uma vida inteira para descobrir. Aquela felicidade finalmente era sua.  Só sua. Ela sabia que não poderia ficar ali por muito tempo e sabia que precisava fugir, o mais rápido que seus pés permitissem.
Aquele sorriso que ele carregava em seus lábios era igual a muitos outros que ele distribuía por aí. Ele sabia que tinha o dom de fazê-la sorrir e brincava com suas emoções enquanto ela se entregava. Ele já não era feito de ilusões e se divertia, ao mesmo tempo em que ela era feliz. Aquele sorriso que sabia que despertava nela, fazia-no querer ficar mais e mais. Mas ele sabia que não poderia ficar ali por muito tempo.  Simples palavras, soltas ao vento naquela tarde fria de maio. Sabia que não a teria por muito tempo, pois logo ela se cansaria do seu jogo infantil. Mas ele permanecia ali. Talvez tão imóvel com medo de perdê-la quanto ela tinha medo de que ele fosse embora para nunca mais voltar.
E assim, no meio de sentimentos tão confusos, eles se encontravam ao passo em que se perdiam. Buscavam algo em comum que nem ao menos sabiam se existia. E imóveis, permaneceram ali. Juntos.
Com as mãos entrelaçadas e pensamentos soltos.
Ela sabia que só ele a fazia sorrir. Lutava com os sentimentos que a faziam ficar ali. Enquanto ele falava baixinho, apenas mais uma explicação para fugir...

(Escrita por Versos Ditos)

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