Talvez nem tudo faça sentido neste resto de vida que habita
seu peito. As palavras turvas e a visão cada vez mais escassa, leva um pouco de
ti dia após dia, enfraquecendo seus músculos e te entorpecendo de solidão.
Passas mais horas do dia deitada na cama, buscando consolo ou apenas forças
para levantar. Tudo parece ser mais difícil agora. Isso não aconteceu como você
previa, não é? Como em um filme, você pensava que isso jamais aconteceria com
você. E agora sua vida, em cores cinzas, passa rente aos seus olhos enquanto
ainda procuras forças para levantar. O quadro torto na parede já não mais
incomoda, nem a louça suja por lavar. Você vive um dia de cada vez e isso
alivia a sua dor. A solidão deixa marcas profundas, mas já não tens tempo para
se importar com isso. Existem tantas prioridades no contorno do seu corpo e nos
seus olhos fundos de insônia... Tens medo... Te ajoelhas sobre sua alma e rezas
pedindo um pouco de clemência. Suas mãos tremem e a memória arrisca em mais uma
vez falhar. Estranha dentro do corpo que se deteriora todo dia. Sem hora
programada e sem chance de dizer Adeus. Oscilando entre a lucidez e a alucinação,
você finge uma briga inútil para pedir socorro. E assim seus dias passam, sua
vida passa. A bagunça dentro de ti que teu cérebro construiu e que aprisiona o
teu corpo. Aquele mesmo que te levou para conhecer o mundo e agora te aprisiona
dentro de si.
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