Ela sempre esteve perdida entre
desamores e dolorosos vazios.
Nunca encontrava um lugar para chamar
de seu e assim vagava por entre fantasias criadas pelo seu desejo de ser alguém.
Mas os anos foram passando e lutou
para se encontrar nos seus desencontros, sem nunca terminar sua busca.
Foi usada, ultrajada, magoada, ferida
de todas as formas e por todos os motivos.
Porém, agora havia um motivo. Havia
por quem seguir em frente e haveria de seguir a qualquer preço.
E mais pares de anos se seguiram.
Anos de lutas, anos de solidão, anos de esperanças no além.
Seus olhos pouco viam mas enxergavam
longe pelos olhos de outros e isso lhe bastava.
Não tinha descanso mas dormia nos
braços de outros que lhe enchiam de orgulho.
Não viajava mas conhecia o mundo
pelas malas de outros que lhe traziam histórias.
Não conhecia lugares da moda, nunca
saiu para dançar, mas tudo sabia pelas palavras que outros lhe diziam.
Assim se fazia feliz pois finalmente
tinha um lugar naquele mundo que tudo lhe negou por tanto tempo.
Então, pouco a pouco, percebeu que
ainda era uma fantasia, que seu coração por compaixão a fizera acreditar.
Sem ter mais tempo para um novo recomeço,
sentou-se no chão e chorou.
Nada mais havia a fazer a não ser
chorar.
E assim ficou a prantear todos os
sonhos que um dia teimara em sonhar.
Ela nunca faria parte de lugar algum
porque não existe morada para quem sempre foi ninguém.
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