quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

EPÍLOGO



Dois olhos frios a fitavam. desnudando sua alma.
Procurou a sua volta por aquele que tanto amara.
Já não havia ninguém, todas as marcas foram desfeitas.
Da boca saiam palavras incompreensivelmente rudes.
Que rasgavam seu corpo e maculavam sua alma.
Lágrimas envergonhadas escorriam pelo seu rosto.
Coadjuvante em toda a trama, não lhe foi dados falas.
Parte do cenário, desapareceria quando as cortinas fechassem.
Artimanhas criadas à noite mostravam a realidade do surreal.
Acreditou estar morrendo, mas a dor que sentia não era o fim.
Enquanto sons sangravam seus ouvidos, imagens se formavam.
Agora se perguntava: não vira ou não quisera ver?
Talvez a verdade fosse chocante demais para ser entendida.
O medo da loucura a cegara num último gesto de compaixão.
Juntou forças, com o peito maltrapilho, permaneceu altiva.
E com os olhos molhados olhava os olhos de seu algoz.

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