sexta-feira, 15 de junho de 2018

Sem olhar pra trás


Pensamentos soltos pelo ar escondidos no fundo dos seus olhos azuis. Ela contemplava o mar enquanto tentava entender tudo o que viveu até então. Um misto de tristeza, saudade e questionamentos sobre o que teria acontecido. Se naquela noite sem fim eles tivessem se dado as mãos. Se ele tivesse pedido a ela um pouco de paciência, até que as coisas se acalmassem em seu peito. 
O passado, até então desconhecido, era um misto de incerteza do que teria acontecido e certeza das escolhas que ela fez. 
Havia tanta dor no brilho dos olhos dele, de quando um acidente lhe tirou tanto, em tão pouco tempo. Ele só tinha 15 anos e ela só tinha o peso de não ter compreendido. Ou compreendido demais a ponto de assustá-lo. 
Assim como eles se conheceram despretensiosamente num domingo qualquer, eles deixaram de se falar. 
E ele deixou de se importar. 
Enquanto a lembrança da joia que lhe era preciosa ecoava no peito dela e manchavam o seu semblante de arrependimentos. 
O desconhecido do mundo dele, rodeado de pessoas que ela jamais entenderia, a assustava. Ela só queria fugir. 
Apenas queria deixar de sentir que não pertencia àquele lugar. 
Ao passo em que queria que ele lhe abraçasse forte e não a deixasse ir. Que lhe segurasse as mãos e pedisse um pouquinho de paciência. Um pouquinho de tempo.
Para que as feridas em seu peito cicatrizassem e ele pudesse entender o sentido da vida, o sentido de tudo. 
E parasse de se culpar pelo passado, pelas escolhas erradas, pela vida desfeita. 
Ela era tudo o que lhe faltava e completava.
Era um misto de querer e não querer. 
Um coração cheio de vida que sabia tão pouco, que não merecia estar ali. 
Ele era toda a dor do universo em um sorriso frio, como se aquilo pudesse lhe esconder de tanta culpa. 
Trazendo alívio nas primeiras horas da manhã enquanto fugia sem olhar para trás... 












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