quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015
Virando páginas
Com olhar vazio e sem vida,
Ela levanta e pega um livro na prateleira.
Pega a esmo. Sem escolher.
Volta a sua poltrona e meio sem vontade
Começa a folheá-lo.
Para sua surpresa, vê passagens da sua vida
Como um diário de tudo que foi.
São folhas grossas, pesadas, prensadas.
Algumas escritas a caneta,
Outras com sangue
E muitas delas com lágrimas.
Queria poder apagar algumas passagens,
Por vezes, um capítulo todo.
Mas as folhas absorveram tudo,
Não há nada que possa ser modificado.
Assim pouco a pouco,
Meio sem querer,
Foi lhe sendo revelado
Todo o passado.
Passado não desconhecido,
Passado nunca esquecido.
Queria virar as páginas.
Tornando-as em branco novamente.
Mas o destino não quis,
Que ela vivesse somente
O presente, esquecendo-se
Dos tempos idos.
Ah, se lhe fosse dado
A ventura de escrever
Sempre a lápis,
Podendo tudo apagar
Com a borracha do agora.
Como é bom não ter o ontem
A atrapalhar o hoje.
Ousaria mais,
Choraria menos.
Pois teria a certeza,
Que era só virar a página
E uma nova vida iniciaria
Sem pecados,
Sem remorsos,
Sem culpas.
Uma página em branco,
Todos os dias,
Por toda a vida.
Não veria suas lágrimas,
Nem as lágrimas que causou.
Viveria eternamente
Com livros não escritos.
Com livros de folhas finas
Tão fáceis de virar.
Carmen Mattos
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