Hoje olho para trás e entendo
quando você me disse que nunca consegui te enxergar. Talvez estivesse louca
diante da vida confusa e dos pés descalços sangrando, ou apenas cega com a luz
do Sol que feria minha visão. Era tanta turbulência que meu corpo já parecia
sem vida. Andando de passo em passo, na medida em que temia o suor da
tempestade, deixe-me cair. Atropelada pelos tropeços da minha tão curta
caminhada. Aquela não era hora de me pedir para ficar e nem de me mandar
partir. O coração cheio de mágoas e as feridas do meu corpo que jamais
cicatrizariam, fizeram-no adormecer nos braços que não eram teus e te fizeram
morrer por dentro. Morrer aos poucos... Fui injusta em não te pedir perdão. Fui
injusta em não te dar as mãos. O descaso que demonstrei no meio de tanta
falsidade, fez-te gelar a alma e amargurar mentiras jamais contadas. A cena era
perfeita em sua imperfeição. Teu semblante era gélido e cruel. Transformaste-te
no monstro que jamais ousei tocar e feriste-me o peito com verdades secretas.
Fizera tudo para me machucar! E eu, aquele ser moribundo que já carregava as
chagas da vida, via-me novamente amordaçada dentre tanto ódio, descaso e amor. Enquanto
procurava uma saída para o labirinto de emoções que me consumia, as palavras
ecoavam em minha mente de que nunca consegui te olhar de perto. E, como se
ainda pudesses me escutar, suspirei baixinho e respondi aos ventos, “o problema
foi que sempre te enxerguei perto demais”.
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