De tanto de
conhecer, não pude te reconhecer.
Sabia que
ias cortar o cabelo, como eu gosto.
Esperava ver
brilho no teu olhar e vi névoa.
O pulôver de
cola V que tanto odeias me fez rir,
Mostrou-se
um presente de quem não te conhece.
Esperava-te
de azul como o céu que tanto amas.
Mas a cor
era uma feia mistura descombinada.
Teu corpo
perdera a musculatura bem delineada.
As mangas
longas tentaram, em vão, esconder
Teu corpo
flácido e envelhecido do doído sofrer.
A tua
altivez e prepotência, eram meras farsas,
De quem um
dia fora e já não era perdido no nada.
Vi uma
sombra mal desenhada da tua infelicidade.
As minhas
largas lágrimas e longas noites insones,
Pesavam em
tuas encurvadas costas emagrecidas.
Teu rosto
descarnado abriam profundos sulcos,
Que só um
insuportável sofrer é capaz de escavar.
É a vida
continua e continuando vai te levando.
De forma
mansa para tudo que foi “inesquecível”.
Queria ter
tido piedade, mas nem isso consegui.
Tua imagem
patética era o reflexo no espelho
Do que me
fizestes até bem pouco tempo atrás.
Tirastes-me
o chão e tive que aprender a voar.
Cai muitas
vezes, cortei-me toda e criei cicatrizes.
Sozinha,
tive que curar as feridas e enxugar as lágrimas.
Não me
estendeste a mão uma vez sequer e te rias.
Me
humilhaste, ultrajando minha dignidade e alma.
Escondeste-te
por trás do arco íris que cortava o céu.
Esquecendo-se
que no final sempre há um pote de ouro.
Entre
tropeços e soluços alcancei e vesti-me de dourado.
E fez-se o
sol, destruindo as sete cores que manchavam
A tua falsa
felicidade, sem que houvesse velas para soprar.
No
emaranhado de cobras suportas as dores que infligistes.
E eu que
tanto te amei e que por ti daria toda a minha vida.
Hoje sou a
tua única chance de cura, de paz e de felicidade.
Mas te nego
esse unguento para curar tuas chagas.
E não seco
teu pranto velado no escuro da noite.
Nem saio dos
teus sonhos do teu sono agitado.
Estou
presente em tudo a tua volta e sou eu a imagem
Que te olha
no espelho e que queres alcançar sem sucesso.
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