Eu estava
tão feliz, como há muito não me lembrava.
Aí vocês
chegaram, sem qualquer aviso, nenhum sinal.
Primeiro
vieram silenciosamente, quase sem se notar.
Borraram a
maquiagem, tornando negro meu rosto.
Depois, sem
serem contidas, ocuparam todo meu ser.
Vieram de
dentro da alma acompanhadas pela dor.
Era uma dor
lacerante que ia me cortando por inteiro.
Achei não
haver mais nenhuma, então, a ser chorada.
Já tanto
chorara; foram meses a fio a me acompanhar.
E tu me
prometeras nunca me magoar, nunca me ferir.
Tu que as
tinha secado com seus lábios e seus carinhos.
E eu
acreditei e me fiz frágil, tirando todas as armaduras.
Despi-me da
muralha que havia erguido a minha volta.
Fiz-me
menina outra vez e te fiz meu sonho de felicidade.
Mas tu
tiraste de mim a esperança de crer no sentimento.
Em todos os
sentimentos que poderia um dia vir a sentir.
Não desejo
mais saber o gosto do beijo em meus lábios.
Não quero
que toquem em meu corpo mãos carinhosas.
Sequer quero
olhares ou sorrisos que possam me encantar.
Quando
estava na beira do abismo, tu me puxaste para ti.
Alojastes-me
em teus braços, protegendo-me de todos.
E ali fiz
minha morada, sentindo-me segura no teu abraço.
A tua voz
era macia e embalava-me para dentro de mim.
Assim,
voltei a florir com mil cores e infinitos perfumes.
Acalmaste
meu coração com o som de pássaros invisíveis.
Deitaste meu
corpo no gramado onde moram as ilusões.
Num
determinado momento, todo o cenário foi destruído.
Novamente vi
o sangue brotar de meu peito e assustada,
Vi que eras
tu que me ferias, de forma desleal e traiçoeira.
As lágrimas
eram o reflexo de toda minha tola ingenuidade.
Eras o
punhal a me ferir no exato local que havias curado.
Estupefata,
te olhei sem entender nada do que se passava.
Esperei que
me abraçasses e me pedisses para ficar do lado.
Mas foi o
teu silencio o que ouvi, e então saí na chuva sem ter destino.
E a chuva, a
névoa e as lágrimas se misturaram a todo o meu lamento.
E assim
voltei, exatamente, ao ponto de onde um dia havias me tirado.
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