Ela andava
sobre as pedras das ilusões já perdidas.
Aranhava-se
nos galhos das esperanças sem sentido.
E
determinada, de forma destemida, seguia em frente.
O corpo todo
ia se ferindo durante a árdua jornada,
Mas ela
sequer olhava para trás, para o que deixava.
A dor da
alma suplantava e abrandava a dor da pele.
Tudo, um
dia, cicatrizaria como ocorrera muitas vezes.
Ficara surda
aos chamados das falsas juras de amor.
A brisa das
desilusões sofridas secava o seu pranto,
Antes mesmo
das lágrimas que teimavam em se formar.
Tentara com
todas as suas forças lutar contra o inevitável.
Esse adeus
não dito foi, de todos, o que mais lhe doeu.
Quisera não
tê-lo feito, quisera não ter virado as costas.
Enfim
chegara o momento em que nada mais restava.
Vestiu-se
com roupa de coragem e foi-se sem nada dizer.
Não havia
necessidade de explicações, estava explícito.
De seu peito
fenestrado, ela o libertava pássaro errante,
Para voares
por onde quisesses, para aonde desejasses.
Tu sempre
saberias onde encontra-la, aonde ela estava.
E se um dia
já cansado do mundo, pousasse em sua janela,
A veria a
viver a vida que lhe estava predestinada a viver,
Mas não a
reconheceria pois seus lábios já haviam secado
Pela falta
do derradeiro, o beijo que só na saudade existiu.
E ela também
não já o reconheceria pois das humilhações,
Descasos e
descuidos dele, ela tecera uma venda a lhe cegar.
Para caso
ele viesse a sua procura, ela não o visse a sua frente.
Nenhum comentário:
Postar um comentário