Gosto de escrever para limpar minha alma. De outra forma não consigo vencer meus fantasmas, matar meus medos ou enxugar meu pranto. É ditando os meus sentimentos para o papel que consigo nocautear minhas mágoas. E já foram tantas! Tantas coisas abriram chagas profundas, crônicas, incuráveis, fétidas e dolorosas por muito tempo ou por todo o tempo. Assim vou passando para o papel o que sai das feridas nunca cicatrizadas, sempre latentes que, vez por outra, teimam em re-sangrar. Sei que isso não mudará meu mundo, minha vida, mas sei que isso me dará alívio no instante em que permito que toda a dor de minha alma purgue para meus escritos. Escritos vagos, escritos pagãos, escritos analgésicos. Não tenho a pretensão de ser lida ou mesmo entendida. Não, meu objetivo é falar o que está preso dentro de mim. Falar o desconhecido de todos. Falar para eu mesma ouvir. A lógica e o entendimento, não constam no dicionário de vida do qual me utilizo. Na verdade, nada consta em lugar algum exceto em algum lugar dentro de mim, que eu mesma custo a localizar. Por vezes se encontra no coração, noutras na alma, também pode ser encontrada nas palavras não ditas, no abraço não dado ou no telefonema nunca recebido. É engraçado esse meu doer. Ele dói e é só isso. Não escolhe lugar, hora ou momento certo para se apossar de mim. Ele vem dominador e faz-se presente sem que eu menos espere. É um doer doído em que a dor, como é conhecida, não está presente. E é com esse caos chamado sofrer que tenho convivido por tanto tempo e, que me derrota e eu a derroto, vezes sem fim. Como num jogo de xadrez, vence quem olha o horizonte. Inúmeras são às vezes em que sou feliz porque estás feliz, mas a tua felicidade me deixa infeliz. Como é difícil dirigir a vida quando a estrada é tortuosa e, por melhor que faças, sempre há de surgir uma curva súbita ou uma sinalização errada. Como é difícil, curar dores que desconheces a causa. Como é difícil te fazeres entender quando caminhas por uma Torre de Babel. Como é difícil implorares o que é teu por direito.
(Escrita por Carmen Mattos)
Carlos Risolia Barbosa Barbosa Amei. Linda.
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