São 02:12h e hoje está fazendo 32 dias que não escuto tua voz. Hás de dizer que não fiz tudo que pude e, eu te responderei que dei o melhor de mim. Hás de dizer que foi pouco e, eu te responderei que era tudo que tinha. Minha bagagem era de desamor, era de vergonhas, de humilhações e, assim tive que buscar, em exemplos que não tinha, uma forma de aprender. Não queria que meu passado fosse teu presente. Não queria que sofresses além do necessário exigido pela vida. Não queria que por falta de exemplos, seguisses os exemplos que te cercavam. Assim sendo fui, muitas vezes, dura, muitas vezes exigente, muitas vezes impaciente e, muitas vezes somente estava cansada. O que entendias por descaso e por rigidez, era somente medo. Medo de errar; medo de não seres a pessoa que hoje, és; medo de falhar. Anos se passaram, entre meus acertos e erros, te tornastes uma vencedora e como me orgulho disso! Hoje, na insônia de minhas noites, sinto falta dos dias em que te carregava no colo e escovava teus dentinhos enquanto ainda dormias no frio inverno do sul. Sinto falta de colocar teu uniforme, erguendo com esforço, cada membro teu ainda adormecido. Sinto falta de, depois de um dia inteiro de exaustivo trabalho, te cobrar a tabuada que dizias que nunca irias aprender. Aprendestes. Sinto falta de brigar por causa das amizades que fazias. Sinto falta dos tempos em que ficavas de castigo por causa das notas escolares. Sinto falta de quando me olhavas com ódio porque te achavas preterida. Eu sabia, ou pensava que sabia que, um dia entenderias que só te queria no caminho certo, te queria vencedora, te queria fazendo a diferença. E, hoje, és tudo isso, só que não faço parte das tuas conquistas, mesmo assim tenho muito orgulho de ti. A morte canoniza. Na morte as coisas ruins são esquecidas e lembra-se somente do que era bom, do que era engraçado, do que era bizarro. Todas as fraquezas, todas as maledicências, todas as feridas abertas são, escondidas num lugar escuro da nossa memória e assim tornamo-nos quase santos. Então, sei que um dia, terei teu amor, teu carinho e teu reconhecimento. Sei que um dia me defenderás das pessoas que me criticam. Sei que um dia um dia dirás: mãe eu venci, obrigada!
(Escrita por Carmen Mattos)
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