terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Espelho Coberto - Divagação



Você já parou para pensar que não é tão maravilhoso quanto pensa ser? Alguns defeitos nossos, na nossa inconsciente vaidade, não conseguimos perceber. As pessoas a nossa volta, por vezes, os veem. E como ficamos chateados, quando nos dizem! As pessoas são chatas ou você está intolerante? Imagine se pudesse olhar no espelho e ver como você realmente é, e essa imagem fosse monstruosa? Não estou falando sobre o que demonstramos como agimos como falamos; estou me referindo ao seu inconsciente, ao seu eu verdadeiro. Com certeza, taparias esse espelho de forma definitiva. Ninguém aceita se ver como algo que não gosta. Somos perfeitos na nossa infinita benevolência com nós mesmos. Mas as outras pessoas nos enxergam de forma diferente daquela que acreditamos ser. Alguns não gostam, outros adoram nosso modo de ser, mas esse modo não é o nosso verdadeiro eu. E qual seria? Não sei. É algo tão entranhado no nosso interior que se torna uma sombra invisível até para nós mesmos. É a crítica que fazemos aos outros, é a inveja, nunca boa, que temos de alguém, é o desejo de ser algo que nunca seremos de verdade. Aí vem o questionamento: quem sou eu? Quem é você? Somos seres sociais que vivem segundo a ética e moral vigente. Não, esse não sou eu nem é você. Essas são pessoas que não se olham no espelho e não veem o seu interior. Nós, você e eu, somos a repressão dos nossos sentidos que foram educados para sermos o que devemos ser. E quando nos cansamos dessa máscara que usamos no dia a dia? Como fazer para arranca-la visto que ela já está tão presa aos nossos sentidos que nem a sentimos mais? Seria como arrancar o corpo que está preso a nossa alma. E como agiria nossa alma sem essa máscara? Não sei. Como, entre dezenas de pessoas que convivem conosco, cada uma nos ver de uma forma diferente? Qual dessas pessoas nós somos? Ou somos como achamos ser? O ego, o superego, o consciente e o inconsciente, somos a soma de tudo isso? E o que vem primeiro? O que é mais importante? O que eu vejo de mim? O que você vê de mim? Existem mil teorias e mais estudos sobre isso, mas eu questiono o meu espelho de bruxa e as teorias ficam no vazio. Queria saber quem sou e queria saber quem você é, mas o pano já encardido pelo tempo, cobre o espelho de nossa alma e nos deixa a deriva de sentimentos paradoxais. Sou tudo aquilo que odeio em você e por isso comporto-me de forma antagônica a sua, ou sou tudo aquilo que odeio em você e comporto-me de forma igual, mas não reconheço isso em mim? Sou perfeita diante do espelho ou o espelho reflete somente o que quero ver? Em qual dos espelhos você me vê? E quantos espelhos me refletem? Cada pessoa tem um espelho para refletir cada pessoa? Em qual dessas imagens eu estou?
Descobri que não sei quem sou e não sei quem você é, porque não sei qual o espelho que reflete a imagem verdadeira. Se somos a soma do ego e superego, consciente e inconsciente, somos o infinito de pensamentos e sentimentos modulados pela argila da vida. Sendo assim, não somos ninguém, pois não é possível quantificarmos todas as facetas que fazem de nós meros reflexos de espelhos sem fim.

Carmen Mattos

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