terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Mariposas


Há pouco abraçamo-nos, era Natal.
Agora, enquanto todos dormem,
Vejo-me sentada, olhando.
Pequenas mariposas 
A dançarem pelas lâmpadas
Que piscam no seu bailar.
Pensamentos distantes
Remontam tantos Natais
E sempre a mesma imagem
De desconsolo, de solidão.
Esforço-me para lembrar
Se houve algum sem sombra
Se houve algum pleno
Mas só encontro
Taças quebradas e vazias
As mariposas vão e vem
Hipnotizando meu pensar
Penas, dores, mágoas.
Tudo gira no ritmo da luz que pisca
E elas se divertem na brincadeira
Do pisca pisca,
As lágrimas escorrem no mesmo passo
O silencio é total
A noite segue adiante
E eu insone, invejo o vai e vem.
Das mariposas nas lâmpadas
Queria saber sua dança
Que termina quando a luz se apaga
E depois, caem mortas no chão frio.
Cansadas e imersas no seu destino
Não tenho destino
Sigo em frente, por não ter aonde ir.
Absorta na aparente felicidade
Onde sorrisos são obrigatórios
Levanto-me e caminho lentamente
Para uma morte sem final.
Outro dia, conversas coloridas.
Numa alma sem cor.
Olho as mariposas caídas no chão
E percebo a beleza da morte bailante
Mortas são mais belas
Que ficar sozinha olhando-as
A rodopiar incessantemente
Até a exaustão de seu corpo frágil
Nosso caminho será o mesmo
Mas não terei toda a gloria 
De ser feliz pelo menos por uma noite:
A noite de Natal, com suas luzes.
Seus brindes e alegrias fugazes
Sinto-me só
Sinto-me a rodopiar
Na dança fúnebre
De todo o meu viver.


Escrita por Carmen Mattos

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