domingo, 27 de setembro de 2015

MEU VIVER



Se um dia me encontrares a chorar pelas ruas ou pelos cantos,
Não tenha pena de mim, se sentires vontade, dê-me um abraço.
Podes encostar minha cabeça no teu peito e afagar meus cabelos.
Mas nunca, jamais tenhas pena de mim porque eu sou guerreira.
E guerreira, meu amigo, pode chorar, mas nunca abaixa a espada.
Se me vires perambulando sozinha pela estrada, trôpega e sem rumo,
Não me perguntes para onde eu vou, pois meu caminho é incerto.
É o destino quem o faz, por mares profundos e céus azuis turquesa.
Ando por terras áridas, vales floridos e montanhas de duras rochas.
Se de meus olhos saírem faíscas, não queiras saber de onde vem o fogo.
Ele vem de dentro de mim, da chama que nunca se apaga sem queimar.
Se caída eu estiver e me veres sem força, alquebrada pelo infortúnio,
Pelas mazelas de uma vida de lutas infindáveis, olhe-me com orgulho.
Pois se caí, foi em batalha e nunca por tropeçar em pedras jogadas.
Se de minha frágil boca ouvir um ensurdecedor urro a ecoar no tempo,
Saiba que meu território foi invadido e preparo-me para defendê-lo.
Fazendo do meu corpo um exército, sem medo ou compaixão inútil.
Se estiver a sangrar em abundância e temeres por minha vida, cala-te.
Deixe-me terminar o que vim para fazer, com a honra de uma rainha.
Vestida em minha armadura, com a espada em punho, sou destemida.
Se uma adaga penetrar em meu peito e perfurar meu coração audaz,
Olharei com desdém e a um só golpe a arrancarei de dentro de mim.
Mostrando outras cicatrizes de iguais feridas de mortes mal matadas.
Se mesmo assim, conseguirem me prender em suas grotescas mãos.
Lembre-se que sou areia fina, escorrerei por entre seus fétidos dedos.
Se em cinzas quiserem me transformar, serei Fênix eterna no renascer.
Só uma coisa te peço, amigo, por mais dor que minha dor te cause,
Nunca tenha piedade de mim, pois em minhas veias corre o sangue,
Daqueles que nunca se quebraram diante de nada ou de ninguém.
E piedade, amigo, é destinada aqueles que já tudo perderam na vida.
E eu nada perdi, em tempo algum, algo que não fosse realmente meu.
 

                                                                                                                   

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