domingo, 27 de setembro de 2015

SÓ UMA PALAVRA



Os lençóis dançavam ao sabor do vento brando da sexta feira
E o cheiro de alfazema que deles exalavam, espalhava-se no ar.
No varal, as roupas recém-lavadas esperavam pela sua chegada.
Ele corria de um lado para o outro, com vassouras, panos e sabão.
Tudo tinha que estar perfeito para o momento da chegada dela.
Faltavam três dias, mas não queria deixar tudo para última hora.
Mesmo porque, o final de semana seria de outra cama e braços.
Mas seu pensamento estava preso aquele encontro tão desejado.
Tinha os passos planejados em sua cabeça e nada sairia errado.
Cada detalhe fora visto e revisto centenas de vezes, a exaustão.
Agora só faltava que ela chegasse e ele pudesse tê-la com paixão.
O fim de semana foi de olhares disfarçados para o relógio no pulso.
Estava inquieto e nem os carinhos recebidos a tiravam do pensar.
Ansiava por aquele encontro como um adolescente apaixonado.
Queria uma, queria outra, sem nunca decidir a qual queria mais.
Mas a sua casa, nunca levara alguém assim de forma tão especial.
Ali era seu refúgio, seu reino, seus esconderijo, mas ela iria até lá.
E por uma noite, seria sua rainha, a mulher que o fazia despertar.
Saiu apressadamente do trabalho, comprou doce e quitandas,
Arrumou a mesa, arrumou a cama, colocou seu melhor sorriso.
Tentou, em vão, aquietar seu coração acelerado pelo inesperado.
Sentou-se no sofá, olhou ao seu redor e tudo estava quase perfeito.
Só faltava ela chegar e com sua simples presença, trazer música e luz.
Já deveria ter chegado, será que havia se perdido? Ele iria busca-la.
Pegou o telefone e discou seu número. Ele tocava insistentemente.
Ela sentada em sua poltrona, desviara o olhar do além para o telefone.
Lágrimas solitárias desciam pelo seu rosto ao ouvir aquele barulho.
Ele ligou uma, duas, três... dezenas de vezes sem parar, sem trégua.
Ela impassível, já não ouvia nada além do som de seu silencioso pranto.
Já era madrugada, a chuva fina a congelava, e ele não desistia e insistia.
Se ele soubesse como aquilo tudo era doloroso, como fora difícil ficar.
Se ela soubesse como aquilo tudo era doloroso, como era difícil esperar.
Se ele soubesse como era pouco o que ela lhe pedia, mas ele sabia sim.
Se ela soubesse como era grande o medo em seu peito, mas ela sabia sim.
E assim sentados solitários, cada um em seu reino, viram o amanhecer.


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