Os lençóis
dançavam ao sabor do vento brando da sexta feira
E o cheiro
de alfazema que deles exalavam, espalhava-se no ar.
No varal, as
roupas recém-lavadas esperavam pela sua chegada.
Ele corria
de um lado para o outro, com vassouras, panos e sabão.
Tudo tinha
que estar perfeito para o momento da chegada dela.
Faltavam
três dias, mas não queria deixar tudo para última hora.
Mesmo
porque, o final de semana seria de outra cama e braços.
Mas seu
pensamento estava preso aquele encontro tão desejado.
Tinha os
passos planejados em sua cabeça e nada sairia errado.
Cada detalhe
fora visto e revisto centenas de vezes, a exaustão.
Agora só
faltava que ela chegasse e ele pudesse tê-la com paixão.
O fim de
semana foi de olhares disfarçados para o relógio no pulso.
Estava
inquieto e nem os carinhos recebidos a tiravam do pensar.
Ansiava por
aquele encontro como um adolescente apaixonado.
Queria uma,
queria outra, sem nunca decidir a qual queria mais.
Mas a sua
casa, nunca levara alguém assim de forma tão especial.
Ali era seu
refúgio, seu reino, seus esconderijo, mas ela iria até lá.
E por uma
noite, seria sua rainha, a mulher que o fazia despertar.
Saiu
apressadamente do trabalho, comprou doce e quitandas,
Arrumou a
mesa, arrumou a cama, colocou seu melhor sorriso.
Tentou, em
vão, aquietar seu coração acelerado pelo inesperado.
Sentou-se no
sofá, olhou ao seu redor e tudo estava quase perfeito.
Só faltava
ela chegar e com sua simples presença, trazer música e luz.
Já deveria
ter chegado, será que havia se perdido? Ele iria busca-la.
Pegou o
telefone e discou seu número. Ele tocava insistentemente.
Ela sentada
em sua poltrona, desviara o olhar do além para o telefone.
Lágrimas
solitárias desciam pelo seu rosto ao ouvir aquele barulho.
Ele ligou
uma, duas, três... dezenas de vezes sem parar, sem trégua.
Ela
impassível, já não ouvia nada além do som de seu silencioso pranto.
Já era
madrugada, a chuva fina a congelava, e ele não desistia e insistia.
Se ele
soubesse como aquilo tudo era doloroso, como fora difícil ficar.
Se ela
soubesse como aquilo tudo era doloroso, como era difícil esperar.
Se ele
soubesse como era pouco o que ela lhe pedia, mas ele sabia sim.
Se ela
soubesse como era grande o medo em seu peito, mas ela sabia sim.
E assim
sentados solitários, cada um em seu reino, viram o amanhecer.
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