Uma lágrima
escorreu de meus olhos, desceu pelo rosto
E lentamente
foi caindo, mas antes que chegasse ao chão,
Eu a peguei
e segurei fortemente em minhas mãos tremulas.
Não
aguentava mais ouvir o seu retumbar no chão frio.
Era só mais
uma entre tantas já choradas por dias a fio.
Nem mesmo
sei se seria a última ou quantas houvera antes.
Mas esta e
talvez somente esta, não seria pisada ao acaso.
Estava presa
entre meus dedos doloridos e contorcidos.
O calor da
minha pele a faria evaporar e quem sabe, voltar
Aos olhos
meus de onde nunca deveria ter saído a passear.
Abri a mão e
a vi ali a me olhar como se nada entendesse.
Sorri-lhe,
um sorriso molhado, e senti-me vitoriosa por tê-la.
Havia
capturado toda a dor do meu peito que ela representava.
As perdas,
as decepções, as humilhações, os descasos, a ironia,
A crueldade,
a ingratidão, o sarcasmo, a falta de compaixão.
Tudo estava
contido nesta única e perolada lágrima brilhante.
O tempo
passava e eu a protegia como um tesouro resgatado.
Outras
lágrimas foram caindo a molhar-me as roupas e os pés,
Mas esta
estava tatuada em minha pele como se dela fizesse parte.
Era a
lembrança vívida de todos os meus lamentos insanos.
E como uma
dádiva eu a mantinha presa como presa eu fora.
Ela perderia
todo seu vigor como também o meu se perdera.
Secaria,
desaparecendo, como o fez minha alegria de outrora.
E assim
murchas e sem brilho, ninguém nos notaria na sala vazia,
Entre panos
e móveis, quadros e retratos que ninguém olhava.
Éramos nós
duas contra um mundo inteiro de desilusões contidas.
Sentei-me na
poltrona e a trouxe para junto de mim, agasalhando-a.
Talvez
assim, ela um prova concreta do meu sofrer, acalmasse a alma
Já tão
cansada de nada ser e que vagava por entre paredes mudas.
Que me
mostravam que nada fiz senão andar por caminhos tortuosos,
Que levaram
a lugar algum além de carregar a carga que me fora confiada.
Hoje tudo é belo e ditoso, mas para mim restou uma poltrona a
balançar,
Uma lágrima presa entre as mãos e esse vazio imenso que me envolve.
Quem sabe eu esteja somente sobrando nas vidas de outras vidas.
Carlos Risolia Barbosa Barbosa Belissimo e triste poema!
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