Você não foi
o primeiro homem da minha vida.
Você foi
somente o mais cruel e vil da minha vida.
Como um
ladrão, você chegou de forma dissimulada,
E com
cuidado, foi roubando tudo que havia em mim.
Com um largo
sorriso, me roubaste a música da alma.
Tiraste todo
o som que havia em mim, minha alegria.
Eu não me
importei e fiz de você a minha canção.
Depois,
entre um beijo e outro, me tiraste os sonhos.
Eu não me
importei e sonhei os seus sonhos.
Aos poucos
você foi dilapidando-me de mim mesma.
Perdi minha
sombra para ser a sua sombra.
Com voz
mansa e verdades só suas, convencias-me.
Assim
despida de mim, deixei de reconhecer-me.
Olhava-me no
espelho e o reflexo era amorfo.
Agora,
separada daquela que fora um dia,
Via meus
pedaços jogados, displicentemente.
Via seus pés
a pisar-me, suas mãos amassarem-me.
Olhava nacos
de mim e sem importar-se, descartava.
Soberba e
prepotência eram minhas únicas companhias,
Com seu
olhar sarcástico e dolorosamente irônico,
Fazia com
que eu acreditasse ser minha a sua culpa.
Hipnotizada
por um amor onírico, tentava melhorar.
A cada
tentativa, ouvia sua risada a ferir-me como um punhal.
Enroscada na
sua teia de finos fios de aço, sufocava-me.
E tinha a
esperança de que se compadecesse de mim.
De ver,
novamente, aquele olhar, simuladamente, meigo,
Que fez com
eu me apaixonasse, em troca de simples afeto.
Só queria
que segurasse minha mão, um olhar de ternura,
Palavras
meigas e deixar-me inteira como outrora.
Mas você
negou, não quis me dar pequenos gestos.
Sozinha,
apagada, enfraquecida, deixei de lutar.
Deixei de
enfeitar-me, os perfumes envelheciam.
As roupas
não saiam do armário e sapatos emboloravam.
Cativa de um
amor doentio escondi-me dentro de mim.
Por não
reconhecer aquela que, sem censura, o espelho refletia.
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