Sentada na
areia fria, observa o movimento das ondas.
O ritmo
orquestra a cadência dos seus pensamentos.
Embala a
solidão, latente, de não tê-lo mais ao seu lado.
Brinca com a
areia fina, deixando-a escorrer entre seus dedos.
Como se o
estivesse acariciando, mansamente, com suas mãos.
Está ali
tempo demais, tempo demais para um amor perdido.
Quem sabe a
espera que ele surja por trás e a surpreenda,
Com um
enlace caloroso que por fim, aquiete sua alma.
O vento
despenteia seus cabelos e racha seus lábios gelados.
Mas já nada
importa, já nada a incomoda, vive a dor maior.
Nada pode
ser pior que o olhar que ele lhe lançou no adeus.
Não havia
nada dentro deles, nem paixão ou compaixão.
Era de uma
frieza tamanha que a petrificou instantaneamente.
E ela,
atônita, olhou-o com doçura e declarou todo seu amor.
Ele retrucou
com sarcasmo que não a queria mais e riu-se.
Aquietada
viu todo seu mundo ruir e faltar-lhe o chão, o ar.
Aquietada, o
viu levantar-se num sinal de assunto encerrado.
Aquietada,
ficou por mais um tempo imóvel no seu penar.
Como agora
se encontrava, ouvindo os conselhos do mar.
E então,
compreendeu tudo e um abismo se formou entre eles.
Como no paraíso,
e no paraíso estavam, fora seduzido pela cobra.
De forma
maléfica, astuciosa e sedutora, ela lhe empeçonhentou.
Sem qualquer
objetivo, sem qualquer querer, só por brincadeira.
Rastejou
sobre seu corpo com doces e maliciosas palavras vãs.
Nada dele
lhe importava, era a sua felicidade que ela invejava.
Numa vida
medíocre, sem sentido e sem amor, cobiçava a dele.
E foi
destruindo tantos amores quanto podia, e foram muitos.
Tanto que já
não os podia contar, destruiu tudo a sua volta.
Deixando-a
só, no seu eterno luto de perdas inimagináveis.
E ela o
tinha como seu deus, seu ídolo e ele fora tão ingênuo.
Agora
sentada na areia fria, via na espuma das ondas gélidas,
O mesmo
olhar ausente que, um dia, a fez morrer mil vezes.
Ergueu seu
olhar para o céu e pediu que levasse seu amor.
Esse amor
incompreensível que ainda a perseguia dia e noite.
Tornando-a
uma sombra sem sentido de seu padecer inútil.
Já cansada
de tanto esperar por aquele que nunca não viria,
Levantou-se
e foi para casa, sonhar com ele mais uma vez.
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