O silencio
era total, o vento balançava as cortinas.
Eu
embalava-me na poltrona a espera do nada.
Olhava a
minha volta e só via paredes nuas, vazias.
O telefone
mudo me ensurdecia na sua ausência.
Ria-me do
imaginário tapete vermelho estendido.
Via as
pedras reais que envolviam tudo ao meu redor.
Não houve
almoço, abraços ou qualquer gesto de amor.
E vi, não
sem lágrimas, que passei pelo mundo de relance.
Trabalhei
noites insones, cansaço até a exaustão.
Amei, noites
de preocupação, querendo dar o melhor.
Chorei
noites de angústia, preocupando-me com o incerto.
Sorri noites
de tranquilidade, com as suas vitórias.
Morri noites
de solidão, sem ter quem me desse colo.
Perdi,
noites de desespero, sem nunca saber o porquê.
Cansei noites
de desamparo, sem conseguir entender.
Parei noites
de abandono, na espera de olhos abertos.
Vivo, noites
sem fim, porque é só o que sei fazer.
É só mais um
dia, entre tantos, em que olho o horizonte.
Não o que
está diante de mim e sim o que está às costas.
E vejo que
não posso me desculpar, pois fiz o melhor que sabia.
E o fiz
sozinha, sem que se importassem com o peso do fardo.
E se acertei
ou errei, assumo toda a responsabilidade disso,
Porque nunca
tive ninguém para dividir as responsabilidades.
Era eu e suas
vidas em minhas mãos, sem ajuda alguma.
No meu
silencio total, com as cortinas a balançar pelo vento.
Sinto
piedade de mim, mas muito mais do vazio das suas vidas.
Se choro, se
lamento, se me dói, é porque estou cheia de amor.
Pode ser
mais sofrido, mas nada é tão ruim como ser um vácuo,
Vivendo a
hipocrisia de se sentir uma ilha de falsas verdades.
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