sábado, 24 de janeiro de 2015

Covardia


Olhos arregalados,
Fitavam-me.
Respiração agônica,
Sufocavam-me.
Sudorese profusa,
Molhavam-me.
Teu medo,
Meu medo.
Tudo misturado
Numa receita de dor
Ir ou ficar?
Eu decidiria.
Meu medo de escolher errado.
Tu esperavas.
Teu medo que eu escolhesse errado.
Num vai e vem
De vida e morte
Nós esperávamos
Queríamos um sinal que nunca veio
Por que eu?
Por que tu?
Por que nós?
Vida irônica
A caçoar até o final.
E qual seria o melhor final?
Não há melhor.
Todas as escolhas nos fazem perder.
Perder o que nunca tivemos.
Estás cansada.
Estou parada.
Por que Deus não se mostra?
Por que exige que nós sejamos únicas responsáveis
De uma decisão indecisa
Não sei o que fazer.
Cansada de minha covardia
Viras o rosto para longe de meus olhos
E o fechas para que eu não veja tua última lágrima.
A lágrima que selará nossos destinos.

Carmen Mattos

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