Desdentada e maltrapilha,
Ela anda, sem rumo,
Pelas ruas da sua vida.
Não tem para onde ir.
Não tem quem a espere.
Assim, desenganada,
Ri-se de si mesma
Como que louca fosse.
Olha os olhos dos transeuntes
E lembra-se que já foi um deles.
Não sabe há quanto tempo.
Também já não importa.
Agora, diverte-se com as ilusões.
Que um dia a vestiram,
Despindo-a de todas as venturas.
Foi tola, foi enganada e tripudiada.
Hoje escabelada e desdenhada
Faz-se de tola, engana e tripudia.
Seu jeito desajeitado de andar,
Falar, sorrir e dançar,
Fazem-na poderosa.
Pois não podem mais nada tirar-lhe.
Despida está de tudo que fora
E assim, louca, não a querem pilhar.
Encontrou, finalmente,
A liberdade de não ser importante
Para ninguém, a não ser a si mesma.
Carmen Mattos
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