segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

E quanto ao passado?


E ela havia decidido apagar da memória o passado que tanto a atormentou. Todas as desilusões, todas as pessoas que um dia, talvez sem querer, haviam quebrado seu coração.
Ela havia decidido dar um tempo a si mesma e aproveitar a solidão que lhe fazia bem. 
Sem grandes expectativas ou lembranças do passado, ela focou seus olhos à sua própria imagem e aprendeu a ser feliz assim.
Já não dependia do vazio que lhe era oferecido e tampouco semeava mágoas.
Simplesmente caminhava envolta de seu próprio ser.
E assim, quase sem querer, atraiu para si alguém que tinha as mesmas convicções e a fazia rir. 
Seus olhos se encheram de vida e pôde compartilhar com o mundo sua descoberta. 
Entretanto, por ironia do Destino, como mais uma provação da imagem que havia construído de si mesma, o passado bateu à porta em todas as suas formas.
E todos aqueles que haviam virado as costas quando ela mais precisava, subitamente precisavam dela.
Duvidavam de sua capacidade de auto compreensão e achavam que a haviam perdido.
E nesse momento de desespero, batiam à sua porta que agora estava cerrada. 
No meio de tanto barulho e confusão, ela precisava escapar dessa armadilha do Destino.
E assim, ao compreender muito mais de si mesma, ela aprendeu a dizer não.
Virou as costas e fugiu para nunca mais voltar.
E quanto ao passado?
Que bata à porta, pois agora já não há ninguém que possa abri-la.
Está trancada para tudo aquilo que um dia lhe fez mal...

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