quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

EXÍLIO



Duas malas encostadas a parede
Fora tudo o que restara de uma vida
Acabara-se a esperança, a perseverança.
Aquele lugar já não lhe pertencia.
Vagaria por outros ares e lugares.
Na eterna busca de melhores dias.
Cavaria a terra com suas próprias mãos.
Pisaria o chão enquanto resistissem os pés.
Não olharia para trás e nem choraria o ido.
Navegaria por calmarias e mares revoltos.
Fraquejar nunca fora uma opção.
Haveria de lutar até que à morrer estivesse.
Olhava o vazio porque não havia imagens.
O futuro não se desenhara nem pintara.
Mas seus ombros fortes segurariam o mundo.
Que haveria de encher de vitória e louros.
Ingrato destino que lhe roubara a vida
Transformando sonhos em lamentos vãos.
E no balanço das perdas e ganhos,
Adormeceu abraçada as velhas malas,
Pois estas eram tudo o que restara...
De uma vida que nem vivida fora.



EPÍLOGO



Dois olhos frios a fitavam. desnudando sua alma.
Procurou a sua volta por aquele que tanto amara.
Já não havia ninguém, todas as marcas foram desfeitas.
Da boca saiam palavras incompreensivelmente rudes.
Que rasgavam seu corpo e maculavam sua alma.
Lágrimas envergonhadas escorriam pelo seu rosto.
Coadjuvante em toda a trama, não lhe foi dados falas.
Parte do cenário, desapareceria quando as cortinas fechassem.
Artimanhas criadas à noite mostravam a realidade do surreal.
Acreditou estar morrendo, mas a dor que sentia não era o fim.
Enquanto sons sangravam seus ouvidos, imagens se formavam.
Agora se perguntava: não vira ou não quisera ver?
Talvez a verdade fosse chocante demais para ser entendida.
O medo da loucura a cegara num último gesto de compaixão.
Juntou forças, com o peito maltrapilho, permaneceu altiva.
E com os olhos molhados olhava os olhos de seu algoz.

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...