Duas malas
encostadas a parede
Fora tudo o
que restara de uma vida
Acabara-se a
esperança, a perseverança.
Aquele lugar
já não lhe pertencia.
Vagaria por
outros ares e lugares.
Na eterna
busca de melhores dias.
Cavaria a
terra com suas próprias mãos.
Pisaria o
chão enquanto resistissem os pés.
Não olharia
para trás e nem choraria o ido.
Navegaria
por calmarias e mares revoltos.
Fraquejar
nunca fora uma opção.
Haveria de
lutar até que à morrer estivesse.
Olhava o
vazio porque não havia imagens.
O futuro não
se desenhara nem pintara.
Mas seus
ombros fortes segurariam o mundo.
Que haveria
de encher de vitória e louros.
Ingrato
destino que lhe roubara a vida
Transformando
sonhos em lamentos vãos.
E no balanço
das perdas e ganhos,
Adormeceu
abraçada as velhas malas,
Pois estas
eram tudo o que restara...
De uma vida
que nem vivida fora.