Seus
cabelos ainda ressecados, o suor frio que banhava seu corpo, alucinações...
Alguém que
sequer conhecia, mas que se tornara seu cúmplice em mais esse crime sombrio.
Jogada em um canto qualquer, invisível aos olhos daqueles que não se
importavam, despida de toda consciência moral do certo e errado, era mais um
dia. Um resto de vida roubado de sua juventude, de seus 20 anos.
Um passado
de dor, ódio e rancor daqueles que nunca lhe amaram e que lhe trouxeram para
esse mundo, esse fim em si mesma, esse looping de euforia e sofrimento
mascarado pelo prazer momentâneo a que se permitia.
Ela se
encontrava e se perdia todos os dias. Era um vício mais forte do que sua
vontade de fugir. Ela simplesmente se entregava. Já não recordava sua aparência
no espelho, ou de momentos em que era feliz. Já não existiam...
Seus ossos sobressalentes,
seus dentes malcuidados, cicatrizes que eram perfuradas novamente dia após dia.
Talvez a
dor que embalava seus pensamentos agora, num momento raro de sobriedade, fizesse
algum sentido no meio de tanta sujeira e destruição.
Talvez a
vida lhe reservaria algo melhor, dias melhores, uma vida melhor.
Talvez...
E na incerteza
do que havia por existir, ela fechou os olhos mais uma vez, esquecendo do Sol
que queimava sua pele anunciando mais um começo de dia.
Um dia que
se perdia no meio de tanta aflição. Alucinação...