quinta-feira, 19 de maio de 2016

GRATIDÃO

Existem presentes que brindam a alma e não ao corpo.
Para estes, não existem agradecimentos possíveis.
Ao recebe-los, lágrimas inundam nosso coração
Na agradável sensação do amor compartilhado.
São gestos, palavras, olhares ou atitudes altruístas.
É o orvalho da manhã regando a terra, então, árida.
E perguntamo-nos o que fizemos para os merecer?
A resposta vem com a brisa de jasmins em flor.
- A beleza está contida naquele que oferta!
A mão estendida é mais forte que a suplicante.
A verdade e a justiça reinam sobre a ignomínia.
Assim, o bem vence o mal e a luz à escuridão.
Neste nosso mundo de casos, acasos e descasos,
Há uma regra: é sempre mais feliz quem mais amou.
A palavra dita não é maior que o exemplo dado.
História de uma vida jamais poderá ser destruída,
Por frases de impacto ou um discurso eloquente.
E quanto olhos te olham, invadindo toda tua alma,
Em silencio te sorriem, afagando-te no desespero,
Sabes que ali está alguém, que inundado de amor,
Transborda paz num reino feito com desvalidos.
Sem nunca poder retribuir tamanha misericórdia,
Resta postar-se de joelhos e pedir por eles.


quarta-feira, 18 de maio de 2016

sentidos

O escuro que se fez, permitia que eu sentisse o amargo de tuas palavras.
Ouvia a dor da pele se rasgando, sob o açoite da mansidão prepotente do senhor feudal.
Impotente na fuga, quedava-me ante ao terror que me infringias.
Imagens vagavam por minha alma sem nunca conseguir alcançar a tua.
E os minutos andavam de forma vagarosa, cumplices do impiedoso.
Tortura alucinante que sufocava o que de vida havia em mim.
A voz calma era de quem desfrutava o prazer de fazer de alguém ninguém.
Imagens se embaralhavam na insensatez da busca por dias de outrora.
Máculas se formavam borrando as memórias de um passado próximo.
E ali estávamos eu e tu, com a besta sentada ao teu lado.
E riam-se de mim, que caminhava trôpega para o cadafalso.
Eu ria-me de mim por ter criado corvos que me furavam os olhos.
Sem cores em meu olhar, segui pelas veredas acinzentadas a minha frente.
Surda ao perfume das flores, sem sentir o voar das borboletas.

segunda-feira, 2 de maio de 2016

É... a vida continua

Ela olhava para o espelho embaçado.
Via imagens caricatas.
Ele levantava-se silenciosamente.
Ela apertava os olhos num sono fingido.
Peito acelerado.
Ouviu o carro se afastando
Correu para a janela encortinada.
Por entre a chuva salgada de suas lágrimas.
O doce sangue de seu coração...
Via-o partir.
Sozinha por entre dores e mágoas.
Sentia seu mundo ruir.
No estardalhaço do seu silencio.
Nada dissera.
Não contestara o amor roubado.
Não impusera sua presença...
Não mais querida.
Ele se fora por entre risos...
Brincadeiras e cantorias.
Ela ficara por entre desilusões...
Decepções e mal quereres.
Teria momentos “inesquecíveis”.
A página estava sendo virada.
Para uma vida que continuava.
Simples assim.
Os braços que o envolviam, de forma carinhosa.
Tiravam todo o esplendor daquele que fora.
E que já não era mais.
Ela deitava-se sobre feridas sangrantes.
Cobria-se com lençóis de seu pranto cor de escarlate.
De tanto chorar, findara a água de seus olhos.
De tanto sofrer, seu ser secara no abandono.
Na calada de suas noites insones,
 Ouvia palavras que houveram sido suas.
Sentia carícias que a fizeram sentir-se rainha.
No amanhecer, tudo se ia como ele a fizera ir.
Sem se importar de como, onde ou quando.
Perdida por entre casos e descasos.
Do ponto onde não há retorno.
Ela caminhava cambaleante.
E entre tropeços, se ergueu.
E entre sombras, virou luz.
E entre tristezas, sorriu.
É.. a vida continua...
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