sexta-feira, 28 de abril de 2017

Abandono


Quisera eu, um dia, apagar todo o mal que causas no caminho. Na tua caminhada, quando já não sabes mais para onde ir. Sozinha, perdida, nos braços de alguém qualquer que não te aceita. Não aceita aquilo que és e carregas no ventre. Tua carência e tua ganância, fazem-te fugir sem olhar para trás. Trazes pedras em teus bolsos e já não suportas mais o peso de tua própria existência. Brincas de contar mentiras. Brincas de esconde-esconde com a realidade que ainda te fere. Adormeces... O dia raia lá fora, mas consumida pela droga da amargura, enclausura-te nos mesmo padrões doentios de teu pai. E assim, sem pensar no dia de amanhã, teu vício te consome e abandonas aqueles que mais te queriam bem. Apagas, quase sem querer, o brilho nos olhos daqueles que tanto te amavam. Te idolatravam. Entretanto, consumida pelo egoísmo de tuas razões, já não percebes. És louca demais para achar mal algum em tua conduta. Ou apenas esteja consumida pela droga. Esta que marca a tua existência...

quinta-feira, 27 de abril de 2017

Luzes acesas


Acordo em um misto de susto e empolgação. Pela janela observo as luzes acesas, em um canto qualquer da cidade. Pessoas rindo, embebedadas em um momento raro de lucidez. Meu pensamento, enquanto observo a cena repleta de vida, buscou consolo no passado, em um momento nem tão distante aonde podia ainda sorrir. Foram anos caminhando sem olhar para trás que já não sei mais a saída deste labirinto em que me meti. Quisera eu voltar no tempo a acompanhar a pintura de nossas vidas. Entretanto aquele lugar já não me pertence. Existe outro em meu lugar. Questiono-me se tudo seria assim. Se a felicidade seria o ator principal de nossa encenação da vida e me deparo com tantos “se”. Se... Sem achar respostas conclusivas, desafiando a razão que se desfaz no tempo, observo mais uma vez a cena pitoresca na janela de um canto qualquer da cidade. E cuidadosamente, quase que para não deixar rastros, fecho os olhos mais uma vez e adormeço pensando em você. Pensando em tudo o que poderíamos ser e em tudo o que não somos.

quarta-feira, 26 de abril de 2017

Mal = Amor


Incrédula presto atenção em tudo o que tens a dizer. Presto atenção nos mínimos detalhes e no tom de voz quase angelical enquanto afirmas mentiras. Perdeste-te no meio de tanta ambição, ganância e amor. Pensas que ninguém percebeu o amor que carregas em teu peito por aquele que já não te quer mais. Pensas que enganastes o mundo, enquanto todos observam a encenação barata e o cheiro de pólvora vindo de tuas mãos. O cheiro de podre toma conta do ar e embebeda tua alma. Já não tens limites e não sabes para onde ir. Quiseras por um momento voltar no tempo e fazer a tua traição se desfazer. Quiseras algum tipo de dignidade. Quiseras apenas não ser você. E cansada da vida que tens, desafias a vida e brincas de espalhar maldade. Enquanto isso, observo baixinho tua encenação e oro a Deus para te proteger e guiar. Porque ao contrário de ti, todo o mal que me desejas te devolvo em forma de amor.

terça-feira, 25 de abril de 2017

Teu reflexo


Eu tenho pena de ti. Tenho pena daquilo que carregas em teu peito, no meio de tanta frieza e corrupção. Eu tenho pena daqueles que te cercam e acreditam em tanta mentira. Tenho pena de ti quando teus olhos vibram de alegria quando alguém cai em teu plano doentio. Tenho pena de ti de quando escuto de teus antigos amantes que você nunca foi feliz. Que sempre esperava mais, procurava mais, acreditava em mais. Eu tenho pena de ti por ver o que fazes com aqueles que te amam, enganando, manipulando e dissecando. Tenho pena por saber que o amor acaba diante de tanta frieza, mesmo quando se trata de teus anjos mais preciosos. Tenho pena por saber que não poupas nem a eles, nem a si mesma. Tenho pena por ver rirem de ti quando acreditas estar no topo do mundo, visto que teu mundo é feito de areia movediça e que aos poucos consome tua alma. Tenho pena por saber o que a vida reserva para o caráter inexistente dentro do ser e por saber que existe algo muito maior que o que vivemos no momento. Tenho pena enquanto rio de tuas armações infantis, baseadas em cenas de novela. Tenho pena por saber que tua vida é uma piada e que tu és a palhaça deste grande espetáculo. Tenho pena de ti porque toda esta loucura genética que te consome não veio de ti, mas de teu pai. Tenho pena pela provisoriedade de tuas ações. E no fim do dia, tenho pena de ti porque a tristeza de ser quem tu és é o pior castigo que a vida poderia te dar. Tenho pena de ti sobretudo quando te olhas no espelho. E tenho pena do espelho quando olha para ti...

domingo, 23 de abril de 2017

Perto demais


Hoje olho para trás e entendo quando você me disse que nunca consegui te enxergar. Talvez estivesse louca diante da vida confusa e dos pés descalços sangrando, ou apenas cega com a luz do Sol que feria minha visão. Era tanta turbulência que meu corpo já parecia sem vida. Andando de passo em passo, na medida em que temia o suor da tempestade, deixe-me cair. Atropelada pelos tropeços da minha tão curta caminhada. Aquela não era hora de me pedir para ficar e nem de me mandar partir. O coração cheio de mágoas e as feridas do meu corpo que jamais cicatrizariam, fizeram-no adormecer nos braços que não eram teus e te fizeram morrer por dentro. Morrer aos poucos... Fui injusta em não te pedir perdão. Fui injusta em não te dar as mãos. O descaso que demonstrei no meio de tanta falsidade, fez-te gelar a alma e amargurar mentiras jamais contadas. A cena era perfeita em sua imperfeição. Teu semblante era gélido e cruel. Transformaste-te no monstro que jamais ousei tocar e feriste-me o peito com verdades secretas. Fizera tudo para me machucar! E eu, aquele ser moribundo que já carregava as chagas da vida, via-me novamente amordaçada dentre tanto ódio, descaso e amor. Enquanto procurava uma saída para o labirinto de emoções que me consumia, as palavras ecoavam em minha mente de que nunca consegui te olhar de perto. E, como se ainda pudesses me escutar, suspirei baixinho e respondi aos ventos, “o problema foi que sempre te enxerguei perto demais”.

sexta-feira, 21 de abril de 2017

O show acabou!



Eu vi nascer um processo cheio de mentiras
Eu vi nascer a influência sobre os ininfluenciáveis
Eu vi injustiças serem feitas
À luz do dia.
Vi minha privacidade ser desrespeitada
Meus bens serem remetidos a outro
Sem qualquer remorso ou culpa.
Eu vi o desespero brotar
Nas folhas do papel sem vida
E tomar forma diante da encenação fria e calculada.
Eu vi lágrimas, fraude e corrupção.
Eu presenciei o inaceitável e contei as estrelas do céu para não tornar minha uma briga que há tanto imputavam a mim.
Mas em um dia qualquer
Cansada de ver tanta injustiça
E a falta de caráter demonstrada no meio do teatro doentio
Percebi que já não cabia a mim ficar parada.
Pela primeira vez tomei as rédeas da minha vida
E mostrei que o jogo havia acabado.
Ninguém jamais irá mexer com minhas crianças novamente
Mesmo quando discutes palavras infantis dizendo que tens razão.
O show acabou!
A plateia se cansou
E as luzes se apagaram no momento que a grande cortina de farsas se fechou.
Talvez assim recuperes a tua dignidade
Ou simplesmente descubra que ela nunca existiu!

A CARTA

Ela, incrédula, olhava o envelope em suas mãos
Tão fora de moda receber cartas!
Sentou-se na poltrona e ficou a alisar aquele papel.
Não sabia o que pensar,
Mil coisas lhe surgiam e logo fugiam.
Abrir e ler, ou rasgar deixando só a imaginação saber
Virava-a de um lado para o outro.
Como cara ou coroa
Ora via seu nome, ora via o outro.
Suas pernas já adormecidas pelo tempo ali sentada
Fizeram-lhe acordar daquele estado catatônico.
Ergue-a contra a luz que vinha da janela
Certificando-se que havia só um pedaço de papel.
Nada além de um pedaço de papel
Com alguns rabiscos em forma de letras.
Vagarosamente, rasgou a lateral
E, ainda em dúvida, não sabia o que fazer.
Ainda havia tempo para picá-la e jogar no lixo.
Ainda havia tempo para deixá-la esquecida ao lado
Ainda havia tempo para desvendar o desconhecido.
Enfim, encheu-se de coragem e retirou as folhas
Eram duas. Não manuscritas.
Que paradoxo, mandar carta, escrita no computador!
Deu vontade de rir, mas pareceria irônico de sua parte.
As folhas cuidadosamente dobradas em três,
Foram abertas e olhadas sem que visse as palavras.
Deitou-as em seu colo,
Jogou a cabeça para trás
Reviveu tempos já esquecidos
Turvou seus olhos impedindo todo tipo de lembrança.
Depois se lembrou da promessa que fizera a si mesma:
De nunca mais permitir-se ser magoada.
De nunca mais deixar de lutar com garra
Pelas suas verdades, suas convicções.
Ergueu a carta e começou a lê-la.
Era um desabafo.
Tanto ódio, tanto rancor, tantas mentiras
Por que havia perdido tempo para escrever-lhe aquilo?
Deu-lhe pena!
Alguém há quilômetros de distância,
Perdera, talvez horas, para escrever-lhe
Coisas ignóbeis, coisas cheias de maledicências.
Seria uma necessidade visceral de atingi-la?
Uma necessidade de livrar-se do mal que lhe envolvia
Desde o dia em que a humilhou, maltratou, magoou
Sem que nenhum motivo real houvesse.
Seria essa culpa que lhe fizera ditar aquelas palavras?
Teve piedade, onde um dia houvera amor.
Já não a atingia mais.
Enquanto ele vivia o inferno do remorso
Ela, agora, vivia a luz da paz de espírito.
Não se culpava mais, não procurava erros não cometidos,
Por muito tempo chorou a injustiça sofrida.
As mentiras ditas e repetidas.
A dor, de tantos anos de verdades virarem pó.
A necessidade, invejosa, de destruí-la.
Passou por tudo isso.
Caiu e levantou-se inúmeras vezes.
Soltou gritos assustadores, em completo silencio.
Brigou com Deus.
Amaldiçoou.
Passeava entre a raiva e a ira.
Mas tudo já passara.
Fora feliz.
Fora invejada.
Fora injuriada.
Fora massacrada.
Mas tudo, fora.
Assim essa carta inesperada,
Só lhe lembrava que vencera.
Quem a lhe escrevera ainda sentia a necessidade de feri-la.
Mas já não era capaz.
Perdera toda a sua força
No momento em que duvidara
Do seu amor, seu companheirismo
Das suas verdades, para crer em outras verdades
Que na verdade, não eram verdades.
Assim como uma bola de ar
Explodiu com a agulha da ingratidão.
E nunca mais poderia encher-se de ar.
Com pesar, amassou as folhas
Levantou-se da poltrona
E jogou a no lixo, junto com outros restos.

quinta-feira, 20 de abril de 2017

Até aqui


Hoje eu conversei baixinho com Deus.
Eu contei as razões que me levaram até aqui
E aquele todo o mais que minha alma anseia.
Falamos de planos e sonhos,
Falamos de amor!
Enquanto conversava baixinho
Uma luz iluminou meu corpo tão sem vida
E as paredes do quarto que me abrigava.
Por deveras acreditei que fosse maior que isso
E que acreditar fosse um misto de impossível.
Até o dia em que me encontrei com Ele novamente.
E aos poucos
Todo o pecado que jazia em minha alma
Dissipou-se no meio da tempestade.
E meus pensamentos se elevaram a algo maior que eu.
Inexplicável no meio de tantas palavras soltas
E sentimentos que até então
Estavam perdidos por aí.
Eu me encontrei quando hoje conversei baixinho com Deus
Enquanto contava as razões que me levaram até aqui...
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